Oxóssi e Ciganos 24/05/15
Os primeiros ciganos acolhidos no Brasil, enviados de Portugal como degredados, chegaram por aqui a partir de 1574 para trabalharem como ferreiros e ferramenteiros. Só vieram como autônomos a partir do século XIX, acompanhando o séquito de D. João VI.
Na Umbanda, a presença de Ciganos tem sido cada vez mais constante e, em muitos Terreiros, eles próprios já pedem para que seus médiuns trabalhem com a roupa branca e tenham apenas os seus elementos magísticos, como lenços, baralhos, espelhos, adagas, anéis e outros. Em suas festas, podem ser utilizados violinos, a cítaras, a violas, pandeiros e outros instrumentos característicos. A saudação a eles é: Salve os Ciganos! Optchá!
Na Linha dos Ciganos encontramos espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também espíritos que foram atraídos para essa linha por afinidade com sua magia. É por isso que eles não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer advinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados, mas muitos outros não.
O “povo” cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes.
É uma linha espiritual em franca expansão e temos até linhas de esquerda “ciganas”, tais como a do Senhor Exu Cigano e da Senhora Pombagira Cigana, muito procurados pelos consulentes quando se manifestam nas sessões de trabalhos espirituais.” (Saraceni, Rubens – Umbanda Sagrada – Editora Madras). É uma linha espiritual especial, cujas entidades trabalham na irradiação dos diversos Orixás, mas louvam sua padroeira, Santa Sara Kali. Seus trabalhos também podem ser sustentados por Pai Ogum – Orixá do ar , ordenador dos caminhos – e por Mãe Egunitá/Oroiná – o fogo purificador – pois os ciganos sempre estão ao redor de suas fogueiras.
Na Umbanda, atuam como Guias espirituais de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista, como meio evolucionista, e retribuem com suas ricas orientações e com a alegria de seus cantos e de suas danças.
A Linha dos Ciganos tem a Regência dos Orixás Egunitá (que inclusive é sincretizada com Santa Sara Kali, a Padroeira do Povo Cigano), Oyá-Tempo e Yansã.
Fontes: Rubens Saraceni/Mãe Lurdes de Campos Vieira